Repensar o Futuro do Desporto e Atividade Física através da Inovação Estratégica
Várias organizações têm partilhado a dificuldade em interpretar ou operacionalizar os extensos (alguns com mais de 300 páginas) planos estratégicos do desporto e atividade física que lhes foram propostos, revelando estarem guardados numa gaveta e muitos deles nem serem consultados desde que lhes foram entregues.
Mas qual o motivo que leva aos planos estratégicos não estarem a ser operacionalizados?
São diversos os motivos que nos têm partilhado, tais como:
- Os planos terem sido elaborados sem consciência da capacidade operacional dos recursos humanos do desporto do Município
- Incapacidade de alguns recursos humanos em interpretar as propostas
- Inexistência de um processo participativo com os técnicos do município
- Escassez de auscultação da comunidade e dos stakeholders
- Incompreensão do modelo de gestão do desporto Municipal
- Pouca consciência da morosidade de processos administrativos e de tomada de decisão
- Entre outros que nos fizeram perceber que: urge uma mudança!
Estamos constantemente em mudanças culturais, tecnológicas, ambientais, económicas e sociais, e o desporto e a sua organização baseada no Modelo Europeu do Desporto têm sofrido metamorfoses sobre as quais não podemos ficar indiferentes pelo impacto nas organizações e na forma como estas estão a ser geridas. Este pressuposto, remete-nos para uma urgência na mudança da abordagem de planeamento, sendo necessário uma mentalidade inovadora e transformadora para enfrentar os desafios emergentes.
Uma metodologia inovadora para elaborar um plano estratégico do desporto e atividade física deve incorporar abordagens criativas e adaptáveis, que considerem as complexidades e dinâmicas do ambiente desportivo. Desta forma, acreditamos que entre vários aspetos importantes para a elaboração de um plano estratégico do desporto e atividade física, uma metodologia transformadora deve integrar:
- Uma abordagem Bottom-up, isto é, um processo participado, identificando e criando momentos de brainstorming, focus group e geração de ideias com todos os stakeholders: atletas, treinadores, organizações desportivas, instituições académicas, entidades públicas, especialistas, empresas e a comunidade em geral.
- Alinhar o plano com uma estratégica de financiamento do mesmo, considerando programas de financiamento nacionais e europeus que permitam alavancar projetos que de outra forma não seriam implementados
- Alinhamento com os objetivos do desenvolvimento sustentável e com as prioridades da União Europeia para o desporto como a digitalização, a sustentabilidade, a inclusão, o aumento da participação, entre outras.
- Uma equipa com conhecimento das tendências do mercado nacional e internacional.
- Uma equipa com conhecimento do contexto atual do desporto e da atividade física.
- Uma equipa que identifique oportunidades e desafios emergentes, interligando-os com ações a desenvolver no âmbito do plano estratégico.
- Adotar uma abordagem holística para a saúde e o bem-estar, articulando o desporto e a atividade física com outras áreas de intervenção municipal como a saúde (nomeadamente a saúde mental e os cuidados médicos preventivos), a educação, os eventos, o turismo, e o ambiente.
- Entre outros.
Essa metodologia combina elementos de pensamento estratégico tradicional com abordagens inovadoras, como o design thinking e a prototipagem rápida, com o intuito de criar um plano estratégico dinâmico e adaptável que promova o desenvolvimento do desporto e da atividade física de forma eficaz e sustentável.
E depois de planear?
Muitos dos planos estratégicos elaborados não são operacionalizados e alguns casos nem consultados são, sendo deixados ao abandono. Para que os mesmos se concretizem e haja mudança, acreditamos ser importante:
- Que se desenvolvam protótipos ou pilotos rápidos das iniciativas, testando com celeridade a sua eficácia e aceitação junto da comunidade. Use o feedback dos testes para melhorar as ideias antes da implementação em larga escala.
- Mesmo que tenha sido um processo participativo, existem sempre pessoas que não deram contributos ou que não foram auscultadas, como tal, é importante comunicar o plano a toda a comunidade e de uma forma leve, continuada no tempo, e utilizando diversos canais de informação.
- Crie um plano de ação ágil e de fácil leitura, que com apoio a ferramentas digitais que seja orientador da ação dos responsáveis por cada atividade a desenvolver.
- Devem ser destacadas pessoas ou subcontratar serviços para criar mecanismos de monitorização e apoio ao cumprimento das atividades a implementar.
Estas são apenas algumas considerações e contributos para que possam melhorar os vossos planos estratégicos do desporto e atividade física, mas existam muitas mais.
Por organizações mais inovadoras, digitais e sustentáveis!
#Inquietosporinovar